Friday, December 17, 2010

18

te mandaria à merda
se não fosse redundante

Friday, November 19, 2010

em 16/07/08

a página em branco compadece
da mesma solidão
ela é passada para trás
como eu,
sem chance de retratar
a ausência
palavra por palavra
em silêncio
sem escrita
compadecemos
ela e eu.

Friday, September 03, 2010

do lado

um verbo e seu antônimo
um aposto antigo
que você atualiza com duas letras na frente
uma listinha mental de tudo que ama que odeia
a lembrança do toque e aí vejo
um fio de cabelo fora do lugar
oportunidade de fazer um carinho justificado
ou melhor: puxo com força.

(era branco. agora foi-se)

Friday, May 21, 2010

hiver

deixa pra lá
esta urgência de ser
este meio-de-campo atravancado
esta mira permanente no simpósio das idéias finais

deixa pra lá
este mofo do presente
este amor tardio
esta certeza

aceita o toque de recolher.

julho

o laço é o infinito com pernas
rumo à finitude do instante em que
puxadas as pernas
vira mera fita.

Friday, May 14, 2010

eu já fugi pra dentro

tantas vezes que
nem lembro mais.

me assombrei, retirei
tudo de fora e
enfurnei como quem
guarda o que não pode
perder.

fugi pra dentro de você
uma vez por dia
durante todos eles,
eu fugia.

como quem guarda
o que não pode
perder.

a fuga maior, a sua,
é pra fora.

um risco inspira
uma fuga
que é um risco
de caneta
num passaporte
qualquer
em um aeroporto
cheio de fugitivos
e de encontrados.

a fuga futura já é
presente,
talvez seja até
passada;
a fuga já nasce
fugaz.